"Novos Investimentos na Ferrovia - Estratégias e Articulação Intermodal"
No dia 9 de Novembro de 2015, realizou-se, no auditório da sede da Ordem dos Engenheiros, um Seminário subordinado ao tema “Novos Investimentos na Ferrovia. Estratégias e Articulação Intermodal”. O Seminário foi organizado pela Ordem dos Engenheiros com base numa proposta do Presidente da empresa Infraestruturas de Portugal, Dr. António Ramalho, e do Presidente da ADFERSIT, Eng. Mário Lopes.
A abertura e a primeira apresentação, subordinada ao tema “Selecção e Avaliação do Investimento Público” foi efectuada pelo Bastonário da Ordem dos Engenheiros, Eng. Carlos Matias Ramos. Seguiram-se três apresentações:
- Eng. José Valle, Coordenador da CEETVC - Coordenador da Especialização em Transportes e Vias de Comunicação da Ordem dos Engenheiros. Título: Enquadramento da Implementação da Rede Transeuropeia de Transportes e do Mecanismo Interligar a Europa (CEF – Connecting Europe Facility). - ver pdf
- Eng. Mário Lopes, Presidente da ADFERSIT. Título: O Imperativo da Bitola Europeia
- Dr. António Ramalho, Presidente da Infraestruturas de Portugal. Título: Soluções e Financiamentos Assegurados para a Rede Ferroviária
Após as apresentações seguiu-se um período de debate com a participação da assistência, que colocou diversas perguntas ao Dr. António Ramalho, nomeadamente:
- o candidato presidencial Henrique Neto questionou a opção feita pela melhoria da linha da Beira Alta face à alternativa de uma linha nova, tendo em conta o fiasco e desperdício que foi a modernização da Linha do Norte. O Dr. António Ramalho respondeu que a situação actual é muito diferente, assegurando que os erros do passado não se repetirão.
- o Presidente da ADFERSIT na sua intervenção afirmou que após a Espanha colocar a bitola europeia nos seus principais portos e plataformas logísticas, o que estimou ocorrer entre 2024 e 2030 com base nos investimentos previstos em documentos oficiais, a Espanha disporá de uma alternativa terrestre competitiva à rodovia no comércio com a UE, excepto Portugal.
Nessa situação provavelmente a Espanha e a França irão aplicar as políticas europeias que visam a transferência modal da rodovia para a ferrovia e para o transporte marítimo através de medidas regulatórias e fiscais, tendo apresentado documentos oficiais destes países que explicitam o objectivo de reduzir o número de camiões nas ligações transfronteiriças entre ambos os países.
Durante o debate o Dr. Jorge Santos, presidente da Associação Empresarial da Região de Leiria, questionou o Presidente da IP sobre o modo como as empresas da região de Leiria exportarão para França se a Espanha e França viessem a aplicar taxas ou portagens elevadas para reduzir o número de camiões nas travessias dos Pirinéus.
Respondendo a estas questões o Dr. António Ramalho afirmou que estávamos a esquecer a via marítima e os diversos portos de mar da costa atlântica de Portugal, e que por isso os receios de isolamento da economia portuguesa e deslocalização de investimento para Espanha não tinham sentido e garantiu que as mercadorias seriam colocadas no seu destino final em França.
Também contestou as afirmações do Presidente da ADFERSIT sobre o desenvolvimento da rede de bitola europeia em Espanha, com base num mapa que constava da sua apresentação que mostrava o desenvolvimento da rede ferroviária espanhola em 2016, que não incluía linhas de bitola europeia aptas para tráfego de mercadorias entre Madrid e a fronteira francesa do lado do Atlântico.
O Dr. António Ramalho referiu também que a introdução da bitola europeia iria criar custos acrescidos aos operadores ferroviários portugueses, por causa dos custos de adaptar o material circulante que possuem ou comprar novo. Esta situação seria uma forte desvantagem competitiva relativamente aos operadores ferroviários dos outros países europeus, cujo material circulante é de bitola europeia.