Novas bicicletas Gira serão todas eléctricas

EMEL vai lançar “entre esta semana e a próxima” um concurso a rondar os 40 ou 50 milhões de euros para garantir a conclusão da primeira fase e a expansão a novas zonas da cidade.

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SEBASTIAO ALMEIDA

As novas bicicletas da rede Gira, em Lisboa, vão ser todas eléctricas. Cortadas as relações com a fabricante Órbita, que até aqui era a responsável pelo sistema, a Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL) vai lançar um novo concurso público “entre esta semana e a próxima” e espera que os novos veículos comecem a aparecer nas ruas dentro de meio ano.

“É suposto que o próximo adjudicatário só entregue bicicletas eléctricas”, revelou esta segunda-feira Jorge Oliveira, vogal do conselho de administração da EMEL, na assembleia municipal. A empresa tinha definido para a primeira fase das Gira que dois terços das bicicletas seriam eléctricas, mas agora quer estas passem a representar 80% da oferta. As bicicletas convencionais que já estão nas ruas vão continuar em uso, mas não virá mais nenhuma.

Jorge Oliveira e Luís Natal Marques, presidente da EMEL, estiveram na Comissão de Mobilidade da assembleia para explicar os contornos do contrato com a Órbita e as circunstâncias que levaram à sua rescisão, anunciada a meio de Abril. Os responsáveis da empresa municipal reiteraram uma vez mais que a Órbita falhou os seus compromissos em várias ocasiões, sobretudo no último ano, e garantiram que fizeram tudo o que podiam para resolver a situação.

“Nós fomos até ao limite que a lei e o bom senso nos permite”, disse Jorge Oliveira. “Há milagres que não podemos fazer”, acrescentou. Ainda assim, deputados de vários partidos questionaram porque é que a EMEL esperou tanto tempo para rescindir o contrato se os problemas do sistema já eram sentidos há muitos meses. “Já tardava. Penso que se deixou arrastar esta situação demasiado tempo com prejuízo para a cidade”, opinou António Prôa, do PSD. “Os lisboetas nunca puderam contar com a rede Gira como forma fiável para as suas deslocações na cidade. Há um prejuízo que jamais será coberto”, disse ainda.

Isabel Pires, do BE, perguntou se em Novembro de 2016, quando o contrato com a Órbita foi assinado, “não haveria já algum indicador de que poderia existir problema”. Tanto Natal Marques como Jorge Oliveira repetiram várias vezes que não. “Não tínhamos indicadores que nos permitissem desconfiar que o desfecho seria este”, disse o presidente da EMEL. “Em 2016 nada nos levaria a supor que a empresa não teria capacidade para cumprir o contrato”, afirmou Jorge Oliveira.

Neste momento já devia estar concluída a primeira fase da rede Gira, com 140 docas e 1400 bicicletas, mas só 94 docas estão instaladas (nem todas em funcionamento) e apenas 400 bicicletas estão disponíveis. Em comunicado emitido há umas semanas, a Órbita reconheceu alguns problemas no processo, mas recusou “ser o bode expiatório de um problema que tem mais responsáveis e é mais complexo do que transparece”.

40 a 50 milhões para a segunda fase

Este contrato entre a EMEL e a Órbita rondou os 23 milhões de euros e tinha um prazo de oito anos, mas acabou ao fim de ano e meio. Segundo os dirigentes da EMEL foram gastos 5,1 milhões neste período, faltando ainda à Órbita entregar equipamentos no valor de 1,8 milhões. “Em termos financeiros o negócio acabou por ser favorável para a EMEL”, admitiu Jorge Oliveira.

O concurso a ser lançado nos próximos dias visa completar a primeira fase e, ao mesmo tempo, assegurar a segunda fase com mais 300 a 350 docas e 3000 a 3500 bicicletas. “O valor andará entre os 40 e os 50 milhões de euros”, afirmou o vogal da empresa municipal.

Até o concurso estar concluído e o novo contrato assinado, a EMEL vai fazer um acordo com a Siemens para a manutenção do sistema. Esta empresa estava já ligada ao projecto por ter sido subcontratada pela Órbita e, segundo Jorge Oliveira, “tem a máquina para manter o sistema em funcionamento”.

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