Os Sistemas de Informação no Porto de Sines – da JUP à JUL

Em janeiro de 2003 começam a dar-se os primeiros passos com vista à digitalização do Porto de Sines e dos restantes portos nacionais. O projeto da JUP – Janela Única Portuária visava disponibilizar uma plataforma centralizadora harmonizada, funcionando como concentrador (hub) de informação no porto, sendo esta colocada uma só vez e disponibilizada aos interessados. Este projeto decorreu em parceria com a DGAIEC – Direção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo, face à integração com o sistema SDS – Sistema Integrado dos Meios de Transporte e das Mercadorias das Alfândegas, permitindo o despacho aduaneiro eletrónico dos navios e das mercadorias.
Os procedimentos foram simplificados e desmaterializados, dentro de uma filosofia paperless de relacionamento entre todos os atores públicos e privados, através da qual os despachos e autorizações são efetuados em antecipação face ao movimento físico de navios e mercadorias.
O desenvolvimento da Infoestrutura do Porto de Sines (designadamente através da Janela Única Portuária) foi também um passo essencial para o aumento da competitividade e melhoria das condições operacionais do porto, na vanguarda do que melhor se fazia então neste campo, a nível internacional, aspeto fundamental para a atratividade do porto perante os seus principais clientes, os armadores e os carregadores/recebedores das mercadorias.
Ainda no âmbito do desenvolvimento da infoestrutura, a JUP - Janela Única Portuária no Porto de Sines constituiu-se, a partir do inicio de 2008, como o sistema de informação ao serviço do porto e da comunidade portuária, permitindo, a par do incremento da competitividade do porto, obter um nível superior de relacionamento (eletrónico) entre atores, com vários aspetos pioneiros e inovadores, integrando agentes de navegação, despachantes oficiais, operadores de transporte marítimo, terminais, carregadores, recebedores, prestadores de serviços e de todas as autoridades presentes no porto.
Por outro lado, a JUP permitiu ainda disponibilizar um conjunto de dados da maior importância para a análise do negócio portuário, reforçando, também, por esta via, a importância desta ferramenta. Como ganhos efetivos de produtividade, de realçar a antecipação na tramitação de todo o processo inerente à escala do navio, permitindo que cerca de dois dias e meio antes da chegada deste ao porto e cerca de 12 horas antes da largada, todas as autorizações fossem efetivadas no sistema. Por outro lado, também de assinalar a redução dos tempos de despacho aduaneiro de 3 a 4 dias para 1 a 2 horas. Acresce ainda o controlo efetivo da informação de suporte ao combate à fraude e evasão fiscal, bem como a desmaterialização dos processos administrativos e completo rastreio das mercadorias.
Em 2009 a JUP foi, no Porto de Sines, alvo de uma importante evolução em termos de interface homem-máquina, que permitiu uma melhor usabilidade da ferramenta, aumentando ainda mais o índice de produtividade na sua utilização. Face ao forte incremento no número de utilizadores e de informação a tratar, foram também melhoradas as Infraestruturas de alta disponibilidade e de suporte aos utilizadores, disponível 24 horas por dia, todos os dias do ano.
Tendo entrado em produção no dia 9 de julho de 2009, a JUP II integrava na altura cerca de 300 utilizadores, tendo registado nesse ano aproximadamente 70.000 transações.
Hoje, a plataforma integra cerca de 2000 utilizadores e 80 milhões de transações digitais referentes a mais de 22.000 escalas de navios.
Sines continua a crescer, não só nas ligações ao foreland mas também com o hinterland, e hoje, a JUP II conecta o porto com 54 plataformas multimodais, suportando um tráfego de mais de 2.000 navios e 6.000 comboios por ano. Por outro lado, esta evolução é ainda expressiva no número de serviços disponibilizados, bem como no âmbito dos mesmos. Enquanto em 2009 a plataforma disponibilizava apenas algumas dezenas de serviços, focados no nó marítimo, hoje oferece centenas de serviços a todos os atores envolvidos na cadeia de transporte (ligando o porto aos meios de transporte terrestre e aos portos secos), para planeamento, execução e monitorização do transporte.
Em setembro próximo, com a entrada em produção da JUL – Janela Única Logística, a par dos restantes portos nacionais, Sines dará mais um passo determinante rumo à crescente digitalização e agilização da cadeia logística, com a integração dos modos de transporte terrestre – rodoviário e ferroviário, possibilitando o trace e tracking da carga até ao destino final, elevando assim os padrões de eficiência, fiabilidade e transparência do serviço prestado.
De olhos postos num futuro onde digitalização e inovação são variáveis essenciais para uma oferta mais competitiva, o Porto de Sines continuará a posicionar-se na linha da frente do desenvolvimento tecnológico, apto a dar resposta às crescentes exigências do shipping internacional e dos importadores e exportadores do seu hinterland.
Ana Rita Rosa
Direção de Sistemas, Planeamento e Comunicação do Porto de Sines