O setor da Logística no pós-pandemia
Ninguém poderia ter imaginado o real impacto que a situação de pandemia que vivemos iria ter em todas as áreas da sociedade – e, como tal, nenhum setor ou empresa estava preparado para o que viria a acontecer. Todos procurámos fazer o nosso melhor e adaptar-nos rapidamente à situação, estabelecendo estratégias que nos ajudassem a trazer alguma luz à incerteza.
Quando, no ano passado, a situação obrigava a que ficássemos em casa, e todos sentíamos medo desta situação sem paralelo, foi necessário para a LS manter centros de distribuição com milhares de operadores a funcionar, e milhares de camiões e motoristas na estrada a distribuir, correndo riscos em todos os momentos, mas sempre com o máximo cuidado quanto à saúde e segurança. Assim, pudemos cumprir a nossa grande missão de manter a população abastecida – com risco, medo e custos inexplicáveis.
A verdade é que foram os operadores logísticos de proximidade quem, muitas vezes, permitiu evitar o pânico e abastecer o mercado com o indispensável para que todos se pudessem manter em casa. Mesmo quando o clima se aliou à pandemia e nos surpreendeu com a tempestade Filomena, mantivemos tudo e todos a trabalhar. Criaram-se diferentes formatos para comprar, entregar, trabalhar, e quase todos os dias eram diferentes e mudavam constantemente.
A pandemia aconteceu à escala global e teve um impacto brutal em tudo e todos. A cadeia de abastecimento de proximidade foi muito afetada e nem todos os agentes do setor souberam, ou conseguiram, adaptar-se – mas quem o fez ganhou em competitividade e inovação. Ficou claro que as fragilidades podem matar-nos se não se resolverem; mas se não nos matam deixam-nos mais fortes.
Apesar do panorama desafiante, na LS não só sobrevivemos como nos conseguimos superar. Encontramo-nos agora num momento de maior tranquilidade, já habituados à nova realidade com que lidamos. Entendo que estamos ainda mais sólidos no que toca à nossa aposta na modernização tecnológica e digital, mas, acima de tudo, na sustentabilidade ambiental e também económica.
Temos construído soluções com os nossos clientes para superar os constrangimentos e reforçar a diferenciação competitiva de cada um, e assim darmos continuidade aos respetivos negócios. Por outro lado, sempre considerámos que a atitude da equipa LS era um dos seus pontos diferenciadores, mas nesta pandemia as nossas pessoas quebraram todas as barreiras e, juntos, sacrificámos muito para conseguir vencer – algo que agradeço diariamente. Sete décadas mostram a importância da cultura de uma empresa, e a nossa provou que, quando é posta à prova, se supera e impulsiona os demais a fazê-lo.
Um novo caminho no pós-pandemia
Tal como já referi, durante este tempo ficou também evidente que a cadeia de abastecimento tem ainda muito a fazer para minimizar custos, tempos de espera e riscos laborais, mas também para fortalecer o conhecimento das pessoas – muitas deparam-se, agora, com tecnologias para as quais estão ainda pouco preparadas. Urge reconhecer que as soluções e processos passados têm der ser revisitados, para se enquadrarem neste tempo de pandemia e de incerteza – e sobretudo num momento em que há uma pressão muito maior sobre as empresas para serem sustentáveis em termos ambientais e económicos.
Na vida de uma empresa, ou vivemos em crise ou entre duas crises, e em ambos os ambientes temos de saber criar valor, mas também sustentabilidade futura. Este é o nosso tempo e é nele que temos de encontrar forma de o fazer.
Acredito que no pós-pandemia quase tudo será diferente do que conhecíamos antes, mas as pessoas vão continuar a ter necessidades básicas e de trabalho a que a cadeia de abastecimento de proximidade terá de saber responder.
As lacunas de produtividade e eficiência deverão contribuir para a criação de ideias inovadoras que aumentem a necessária sustentabilidade da cadeia de abastecimento – porque, se não forem resolvidas, tornam mais difícil criar valor no futuro, quando aliadas ainda aos custos acrescidos que registamos agora.
A descarbonização, já em curso, será certamente lenta, mas muito necessária. Na LS estamos entusiasmados e a estudar as diferentes formas de evolução tecnológica e operacional, que certamente passará pela aposta nos veículos elétricos e fontes de alimentação ambientalmente sustentáveis.
Finalmente, será indispensável qualificar toda a população ativa, em todas as profissões, de modo a que cada um possa criar valor por si mesmo e fazer do seu posto de trabalho um lugar sustentável, digital e produtivo. Acima de tudo, cada pessoa poderá crescer profissionalmente e melhorar as suas condições, bem como as da sua família.
As Autoridades parecem começar a entender estas realidades, e esperamos que sejam encontradas formas de “descomplicar”. Com os recursos adicionais que a Europa (generosamente) está a colocar ao nosso dispor, criam-se as condições necessárias para fortalecer o conhecimento e a transição digital, sendo ao mesmo tempo económica e ambientalmente sustentáveis.
Em suma, gostaria de reforçar que o setor da logística de proximidade já provou ser capaz de enfrentar o futuro que nos espera e de criar valor para as marcas, para o consumo e também para a produção e as exportações. Na Península Ibérica, onde a LS opera, sentimos que existem bases para encontrar e satisfazer as respetivas necessidades. Acredito que temos um longo e risonho futuro à nossa espera – só temos de saber preparar-nos e enfrentá-lo da melhor forma, mantendo os nossos valores como guia condutor.
30 de Agosto de 2021
José Luís Simões
Presidente do Conselho de Administração da Luís Simões