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ADFERSIT: Prosseguir o Bom Trabalho por uma Associação Plural, Atenta e Interveniente!

Mandam as boas regras democráticas que quem se candidata a um lugar eletivo torne público porque o faz, quais as suas intenções e como pensa desempenhar o cargo, se para tal merecer a confiança dos que sejam chamados a exercer o seu direito de voto.

Não podendo deixar de aceitar o honroso convite para me candidatar a presidente da ADFERSIT face à missão que os actuais corpos diretivos gostariam fosse prosseguida pela nossa associação – a qual merece o meu total acordo – cumpre-me explicitar o que julgo essencial para que a votação dos novos corpos gerentes se faça com pleno conhecimento de causa.

Em primeiro lugar respondo à questão de porque me candidato. Desde logo porque entendo que este tipo de associações só vive e pode prosseguir a sua missão se os seus membros estiverem disponíveis para assumir responsabilidades na sua gestão. Sendo um dos membros iniciais da então ADFER, dificilmente me poderia furtar ao convite que me foi endereçado pela actual direcção e aos motivos que justificaram a escolha. Por outro lado, entendeu-se que era útil para a associação manter o seu carácter independente e, neste momento da sua vida e do país, reforçar a reflexão estratégica em relação aos grandes temas que afetam o sector dos transportes e da mobilidade e promover uma maior ligação ao que se investiga e leciona neste domínio. Como professor universitário - que apesar de aposentado continua a trabalhar na sua Escola de origem, o IST - tenho não só disponibilidade para enfrentar o desafio como penso ser importante dar continuidade ao excelente trabalho que foi desenvolvido pela actual direcção, nomeadamente no que se refere ao seu empenho em ultrapassar visões sectoriais; em afirmar a independência da associação em relação aos diversos interesses que se expressam no sector sem, no entanto, prescindir da colaboração activa dos seus protagonistas; em tornar a ADFERSIT um parceiro não negligenciável quando se trata de refletir sobre os temas de actualidade e que se afiguram estratégicos para o futuro do sector e do país. O sucesso alcançado com a realização dos últimos congressos são disso uma prova inquestionável.

Tratando-se por isso de dar continuidade ao trabalho em curso, ao mesmo tempo que se procura potenciar algumas das suas componentes, é natural que se proponha uma direcção que mantenha boa parte dos actuais membros e a reforce com novos actores, mas sempre com a preocupação de incluir pessoas com experiência profissional diversificada e abrangendo as várias áreas em que a associação vem intervindo.

Deste modo, para além de se dar continuidade às acções que tornaram a ADFERSIT o que é hoje, sejam os congressos e os seminários ou mesas redondas sobre temas de actualidade, pretende-se dar uma maior enfase à reflexão centrada em espaços geográficos com especificidades próprias – desde o Europeu e Ibérico ao urbano, passando pelo regional e intermunicipal - onde os vários modos de transporte e problemas sejam abordados de forma mais integrada e visando objectivos que a descarbonização do sector, a coesão social e a equidade em termos territoriais e de acessibilidade, hoje impõem com maior acuidade.

Consequentemente, esta visão do trabalho a desenvolver implica relançar o papel do Conselho Estratégico da associação enquanto principal fórum de reflexão, discussão e preparação das acções públicas da associação, organizando-se o seu trabalho em grupos que se focarão nos diferentes espaços geográficos em que pretendemos intervir. Para que se potencie a eficicácia deste Conselho, pensamos que cada um dos seus grupos de trabalho deverá ter um coordenador e integrar, tanto quanto possível, profissionais provenientes das empresas, operadores, universidades e centros de investigação, entidades municipais e da administração do Estado. Pôr em funcionamento este novo Conselho Estratégico será uma prioridade da nova direcção.

Desta concepção resulta um método de trabalho que procurará articular de modo permanente o trabalho do Conselho Estratégico com o da direcção. Por outro lado, manter-se-á a abertura à participação dos membros dos outros órgãos da associação nas reuniões da direcção. Nunca somos demais para levar por diante a nossa associação. A experiência recente mostrou que uma maior participação de todos os que aceitaram desempenhar cargos na associação na orientação da sua actividade e na formulação de propostas de intervenção ou temas a priorizar, foi não só útil como benéfica para uma melhor intervenção da ADFERSIT nos domínios que são os seus objetos de preocupação e reflexão. Também por isso não podemos deixar de dar continuidade a esta prática.

Estamos convictos que, face à progressiva secundarização (quando não mesmo extinção) de entidades da administração do Estado orientadas para a reflexão estratégica e o planeamento a longo prazo, cabe a associações como a ADFERSIT contribuir para que essa situação não resulte num imediatismo e segmentação das decisões que se tomam no domínio dos transportes e da mobilidade. No seu acrónimo está bem presente que a associação se refere a “Sistemas Integrados de Transportes”. Será um objectivo e uma postura que não esqueceremos.

Lisboa, 8 de abril de 2023
Fernando Nunes da Silva