"Exigências que a opção Montijo coloca"
A ADFERSIT- Associação Portuguesa para o Desenvolvimento dos Sistemas Integrados de Transportes, de acordo com o seu Plano de Actividades com o objectivo de aprofundar o debate técnico de temas da actualidade na sua esfera de acção, entendeu oportuno promover uma Sessão/Debate sobre "EXIGÊNCIAS QUE A OPÇÃO MONTIJO COLOCA", no próximo dia 4 de Julho de 2017 (terça-feira), às 17h00,no Auditório do Alto dos Moinhos.
Perspectivar e reflectir sobre:
- Capacidade em número de movimentos por hora;
- Característica da pista para a exploração comercial anunciada;
- Acessibilidade no modo fluvial e respectivas limitações,
Informamos a presença dos seguintes oradores:
- ARTUR RAVARA (Engº Civil) :
Enquadramento histórico da solução Aeroporto da Portela +1 (opção Montijo) e características da infraestrutura existente para a exploração comercial anunciada;
- VITOR COELHO (Controlador Aéreo) :
Capacidade em número de movimentos por hora;
- OSVALDO BAGARRÃO (Engº Mecânico) :
Acessibilidade no modo fluvial e respectivas limitações.
Constituem os propósitos desta iniciativa da ADFERSIT, aberta a todos os técnicos interessados nesta matéria.
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DEBATE SOBRE A OPÇÃO MONTIJO ENQUANTO SOLUÇÃO AO REFORÇO DA PORTELA
De acordo com o Programa de Actividades, realizou-se mais uma Sessão/Debate, no passado dia 4 de Julho no Auditório do Alto dos Moinhos, subordinado ao tema “Que exigências se colocam à opção Montijo”, como eventual solução ao Aeroporto da Portela + 1.
De facto e uma vez decidida pelo Governo esta opção, embora ainda haja um longo caminho a percorrer – designadamente a obtenção da Declaração de Impacto Ambiental e a elaboração do indispensável Plano Director – entendeu a ADFERSIT ser oportuno aprofundar algumas das exigências consideradas fundamentais para operacionalizar esta solução, designadamente ao nível da acessibilidade marítima, totalmente inédita como acesso a um aeroporto em Portugal.
Assim, e como síntese das intervenções dos oradores convidados, importa sublinhar os seguintes aspectos:
Eng.º Artur Ravara:
Como engenheiro civil, procedeu enquadramento histórico da presente solução, contextualizando-a em avanços, paralisações e recuos que datam a mais de 50 anos, após a conclusão da Travessia da Ponte (1966) e do extraordinário trabalho realizado pelo então Gabinete da Travessia do Tejo.
No quadro das inúmeras vicissitudes apontadas, referenciou a elaboração do PET como o início dos estudos sobre a opção Portela + 1 no Montijo, “solução bem aceite pela opinião pública”, face à “falta de capacidade financeira existente”, mas que tem revelado uma crescente preocupação no meio técnico, nomeadamente ao nível da segurança.
Entre as preocupações expressas, sublinhou tornar-se imprescindível a realização de importantes trabalhos, designadamente a ampliação da pista existente em mais de 1.000 metros e o aumento significativo da capacidade de resistência da mesma (pcn), como condições mandatórias para a operação com os aviões da Classe C, particularmente utilizados pelas low-cost.
Dr. Victor Coelho (ver apresentação neste link):
Como controlador aéreo, abordou a capacidade do sistema aeroportuário e os condicionalismos ao nível do ar, resultantes do objectivo pretendido de se alcançar com esta solução: 72 movimentos/hora, repartidos por Portela (48) e Montijo (24).
Referenciou que a solicitação da Tutela, a ANA-SA em conjunto com uma equipa da EUROCONTROL, elaborou um estudo tendo em vista determinar as medidas que permitirão acomodar o futuro tráfego aéreo à capacidade do espaço aéreo, desconhecendo-se ainda os custos e o tempo de implementação das referidas medidas.
Eng.º Osvaldo Bagarão (ver apresentação):
Como engenheiro mecânico, analisou as diversas opções indispensáveis para a futura ligação fluvial a Lisboa, face ao diagrama da rede já existente e à actual frota em actividade e inventariou os estudos a serem desenvolvidos para o dimensionamento da Oferta na futura ligação Lisboa/Montijo/Lisboa, resultante da abertura à exploração comercial aérea da solução Montijo.
Da simulação apresentada para 3 situações tipo (180, 360 e 600 passageiros/hora), resultará a necessidade da aquisição de 2/3 novas embarcações, num investimento de 20/25 milhões €, independentemente dos trabalhos indispensáveis à beneficiação dos actuais terminais marítimos existentes.
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Após o vivo debate que se seguiu com os técnicos presentes, foram consensuais as seguintes CONCLUSÕES:
- Nesta solução do Montijo, ganham evidência os constrangimentos existentes ao nível do espaço aéreo e, igualmente, da própria pista existente;
- Torna-se indispensável quantificar a mitigação dos constrangimentos existentes ao nível do espaço aéreo, da pista e dos investimentos a serem realizados na Portela, bens como os custos de contexto inerentes às entidades que já operam no Montijo (Força Aérea e Marinha);
- Importa aguardar pela conclusão do Plano Director e pela aprovação da Declaração de Impacto Ambiental, para melhor se analisar os impactos desta opção;
- A ADFERSIT estará sempre disponível para, em conjunto com outras organizações, nomeadamente a Ordem dos Engenheiros, contribuir para o aprofundamento desta ou outra solução que contribua para a racionalidade do novo sistema aeroportuário que se pretende introduzir em Lisboa.