"As Encruzilhadas da linha de Cascais"
A ADFERSIT – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento dos Sistemas Integrados de Transportes, de acordo com o seu Plano de Actividades e com o objectivo de aprofundar o debate técnico de temas de actualidade na sua esfera de acção, entendeu promover uma Sessão/Debate sobre o “AS ENCRUZILHADAS DA LINHA DE CASCAIS”, no próximo dia 29 de Março de 2017 (Quarta Feira), às 17h00, na Fundação Calouste Gulbenkian.
Reflectir sobre a situação de obsolescência técnica da referida linha ferroviária, analisar os diversos factores que condicionam a respectiva circulação e perspectivar os efeitos da eventual construção de uma ligação da linha Amarela do Metropolitano de Lisboa à Estação Cais do Sodré, constituem os propósitos desta iniciativa da ADFERSIT.
CONCLUSÕES
No passado dia 29 de Março às 17h, no âmbito do seu Plano de Actividades, a ADFERSIT promoveu na Fundação Calouste Gulbenkian uma Sessão/Debate sobre os condicionalismos que têm afectado a Linha de Cascais, preocupando milhares de passageiros que, diariamente, encontram a resposta para as suas deslocações nesta importante infraestrutura ferroviária que liga os Municípios de Cascais, Oeiras e Lisboa.
Nesta SÍNTESE, sobre a reflexão e o debate técnico realizados, foi unanimemente reconhecida a expressão ENCRUZILHADA, como a que melhor expressa a presente situação da referida linha ferroviária, resultante dos 3 “bloqueios”, objecto das intervenções que se anexam:
• 1ª ENCRUZILHADA
Derivada da obsolescência técnica (e também comercial), fundamentalmente resultante da situação respeitante à Sinalização e ao Material Circulante, cujos investimentos de que carecem tem implicado um sistemático adiamento amplificado pela afirmação nunca demonstrada que se torna imperioso proceder à ligação da Linha de Cascais à Rede Geral.
• 2ª ENCRUZILHADA
O NÓ DE ALCANTARA e a complexidade do seu subsolo, dada a localização do CANEIRO DE ALCÂNTARA conjugado com a necessidade, reclamada pelo Terminal Marítimo existente, em ser construída uma ligação ferroviária electrificada à Estação de Alcântara Terra que, terá de ter em conta o atravessamento da Linha 15 do eléctrico rápido da Carris, foi também objecto de esclarecedora intervenção.
• 3ª ENCRUZILHADA
Surge na pretensão, já tornada pública, de ser interrompida a Linha de Cascais em Alcântara, desviando a respectiva circulação através da Linha de Cintura, passando o percurso Alcântara/Cais do Sodré a ser realizado em modo Metro de Superfície Ligeiro.
COMO SÍNTESE MERECERAM CONSENSO AS SEGUINTES EVIDÊNCIAS:
➢ A linha de Cascais entrou em obsolescência técnica há vários anos, necessitando com carácter urgente de material circulante novo, reabilitação das subestações de tracção, renovação do sistema de sinalização e comunicações, bem com a reabilitação das estações. O investimento necessário para ser invertida esta crescente obsolescência técnica da infraestrutura e renovado o material circulante, aponta para um valor não acima dos 125 M€.
➢ Conforme explicou o Eng.º Mário Olivença, esta imperiosa intervenção tem sido sistematicamente adiada, por surgir sempre associada à não demonstrada necessidade de se proceder à ligação à Rede Geral, o que implicaria uma disponibilidade de meios financeiros nunca inferir a 420 M€.
➢ A necessidade desta eventual ligação surgiu pelas mercadorias e não pelos passageiros. Note-se que, ao projecto de 2008 para a ligação desnivelada entre a Linha de Cascais e a Linha de Cintura, correspondia uma Procura de 16/comboios/dia/sentido, o que manifestamente está longe dos valores actualmente registados.
➢ A complexidade dos trabalhos de desnivelamento a serem realizados numa zona sensível, onde importará ter presente a localização do caneiro de Alcântara, foi objecto de uma exaustiva explanação do Prof. Carmona Rodrigues.
➢ A Linha de Cascais vive por si só, apesar do complexo conjunto de condicionantes à sua acessibilidade e que limitam o seu raio de acção, pois com uma Procura expectável de 35 M de passageiros/ano (actualmente 25 M), caso venha a ser modernizada, a Linha de Cascais é uma operação de margem positiva.
➢ Foi também apresentado que a melhor ligação, para os passageiros com Origem em Cascais Destino o eixo Marquês/Saldanha/Entre Campos, é dada via Cais do Sodré, com a anunciada extensão da Linha Amarela do Metropolitano de Lisboa a este importante Interface. Os tempos de viagem, comparativamente a uma eventual ligação alternativa via Linha de Cintura, são significativamente menores.