A Ferrovia está a mexer…
Após anos de paragem, a modernização da Rede Ferroviária Portuguesa encontra-se, de novo, em boa forma e recomenda-se, tentando recuperar do atraso dos anos de crise e a Thales, está uma vez mais na linha da frente como um dos principais parceiros da Infraestruturas de Portugal (IP) nesta aventura.
Assim, no âmbito desta nova vaga de investimentos, a Thales concretizou no passado mês de Abril os trabalhos para a Sinalização Ferroviária do troço Covilhã-Guarda, permitindo a sua entrada em exploração comercial no início de Maio.
Este evento reveste-se de particular importância por 2 tipos de motivos: os motivos operacionais e os motivos técnicos.
Do ponto de vista operacional, tratou-se de concluir uma obra prometida desde 2009 com enorme impacto nas zonas servidas que, após cerca de 12 anos de interrupção da Linha da Beira Baixa, passaram de novo a ter oferta de transporte Ferroviário.
Ainda do ponto de vista operacional, o projeto para a Sinalização do troço Covilhã-Guarda, adjudicado à Thales em 2018, complementado por um anterior projecto, igualmente implementado pela Thales, para a introdução da concordância a nascente da Estação da Guarda, permitiu ganhos operacionais muitíssimo significativos bem como um importante aumento na oferta de serviços aos passageiros.
Com a sinalização do troço de via entre a Covilhã e a Guarda foi possível abrir de novo à exploração a Linha da Beira Baixa, passando não só a haver uma redundância à Linha da Beira Alta para a ligação a Espanha como, com essa redundância, passou a ser possível efectuar a modernização da Linha da Beira Alta sem interromper a principal ligação ferroviária internacional, através da fronteira de Vilar Formoso, dado que estes trabalhos irão obrigar ao encerramento da Linha da Beira Alta por um período de 9 meses já no início de 2022.
Por outro lado, com a intervenção na concordância da Estação de Guarda, passou a ser possível que os comboios sigam directamente da Linha da Beira Baixa para a fronteira e inversamente, sem necessidade de efectuar manobras na estação da Guarda, o que se traduz por uma operação mais simples, melhor gestão dos tempos e maior capacidade desta ligação.
Já do ponto de vista técnico, foram introduzidas neste projecto as mais recentes tecnologias Thales em sistemas de Sinalização.
Para as funções de segurança e comando dos equipamentos de terreno foi instalado na estação de Belmonte um Encravamento Electrónico da nova geração da família de Encravamentos designada por Thales PIPC G3. A mesma família dos encravamentos instalados nos troços Mouriscas – Castelo Branco e Castelo Branco - Covilhã.
Esta nova geração caracteriza-se, entre outros aspectos relevantes, por fazer “correr” o Software de encravamento sobre uma plataforma de segurança designada TAS Platform que, por ser evolutiva, torna a solução isenta dos riscos e limitações associadas à obsolescência do Hardware.
Foi também introduzido um novo controlador de objetos, designado Thales DCA bem como uma nova geração de circuitos de via.
Os circuitos de via agora instalados pela Thales representam a estreia da Thales neste tipo de equipamentos em Portugal. Também estes equipamentos são a mais recente geração de circuitos de via da Thales que não necessita de juntas no carril, assegurando por isso, maior simplicidade na instalação e na manutenção e menor impacto sobre a infraestrutura.
No entanto, há mais coisas a acontecer na Rede Ferroviária Nacional e a Thales é, a par com a IP, o principal actor nesta transformação.
Estamos a falar de Interoperabilidade.
Assim, no âmbito da Empreitada de “Sinalização & ETCS - Concepção, Fornecimento, Montagem e Manutenção (vários troços da RFN)”, também designado por Lote B, a Thales tem a seu cargo a tarefa pioneira de introduzir na Rede Ferroviária Nacional o sistema Europeu de Controlo Ferroviário designado ETCS L2 no troço Évora – Caia e na Linha da Beira Alta, etapa importante para a interoperabilidade dos Corredores Internacional Sul e Internacional Norte, para as ligações com Espanha, permitindo maior capacidade da via (única) e economia de equipamentos através, entre outros, da implementação de sinais virtuais.
De referir a relevância para a Rede Ferroviária Nacional e para o País da introdução do standard Europeu para a Interoperabilidade que se traduz por um salto tecnológico tão expressivo para a modernização da rede, como o foi no início dos anos 90 a introdução dos Encravamentos Electrónicos, onde também a Thales teve um papel fundamental.
Ainda a propósito da Interoperabilidade e da instalação do sistema ETCS L2, a Thales terá também a seu cargo, no âmbito de outros contratos já adjudicados, a expansão deste sistema à Linha de Cascais, contribuindo assim, de forma significativa e única, para tornar a Rede Ferroviária Portuguesa uma rede interoperável e totalmente integrada na rede Europeia de corredores interoperáveis e, adicionalmente, contribuir para ultrapassar todas as dificuldades que crescentemente se vêm fazendo sentir com a obsolescência do actual sistema de controlo de velocidade (CONVEL).
Tal como na década de 90 em que a actual equipa da Thales investiu na capacitação e autonomia técnica das suas equipas na adaptação e implementação dos novos encravamentos electrónicos através de programas de transferência de know-how, de novo e relativamente ao ETCS, a Thales Portugal iniciou já um programa de transferência de conhecimentos com vista a autonomizar a sua equipa no que toca às adaptações necessárias à Rede Nacional como a continuar a manter uma competente presença técnica de grande proximidade para com a sua parceira de longa data, a Infraestruturas de Portugal.
De referir que a transferência de know-how para a Thales Portugal, sobre os sistemas ETCS iniciou-se há já alguns anos com o ETCS L1 que a Thales Portugal instalou num projecto sob a sua responsabilidade em Kuala Lumpur na Malásia.
Com as suas tecnologias, a Thales está de novo a liderar o enorme salto tecnológico em marcha na Rede Ferroviária Portuguesa e a dotar o País de novas competências e valor acrescentado que contamos reforcem a sua já tradicional forte presença nos mercados internacionais com origem na equipa da Thales Portugal.
25 de Maio de 2021
João Salgueiro
Chefe do Departamento de Estratégia, Marketing e Comunicação, Produto e Inovação da Thales Portugal