EMEL: 2021 – Um balanço
Faço minhas as palavras do arquiteto dinamarquês Jan Gehl (referência mundial em questões referentes ao desenho urbano e aos espaços públicos): “As culturas e os ambientes diferem em qualquer parte do mundo, mas as pessoas são as mesmas. Elas vão juntar-se em público se lhes dermos um bom local para o fazerem.”
A EMEL, que no passado era uma mera empresa de gestão de estacionamento, tem hoje um papel-chave na gestão da mobilidade da cidade de Lisboa e está focada em contribuir para uma cidade apelativa e confortável, com um espaço urbano seguro, onde tenhamos prazer em estar e conviver.
Em nome do bem-estar e da qualidade de vida, a cidade tem vindo a ser devolvida às pessoas, a mobilidade urbana é mais inclusiva, segura, múltipla, integrada e conectada. Numa palavra, mais sustentável. Essa tem sido uma tarefa que tem estado nas mãos de todos porque, no fim de contas, cabe-nos a nós dar e criar valor ao espaço público.
E porque o destino é comum, a estratégia delineada pela EMEL tem tido os olhos postos nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU, em particular no Objetivo 11, que aponta o objetivo de tornar as cidades e comunidades, inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis. Esse tem sido um dos focos assumido por Portugal no contexto dos ODS, e é disso testemunho a pretensão do cumprimento das metas na redução da poluição e no ordenamento das cidades.
É verdade que o ordenamento do estacionamento automóvel, que esteve na génese da criação da EMEL, há 27 anos, continua a ser essencial, mas os horizontes da empresa de mobilidade da cidade de Lisboa já há muito de são mais amplos.
A este propósito diga-se que 2021 foi um ano referência. Um ano em que a EMEL criou a marca LEVE e colocou na rua soluções para a mobilidade elétrica, com a aberturas de três ilhas de carregamento rápido de veículos (Parque das Nações, Campo Grande e Belém), a mais recente das quais no Campo Grande (Entrecampos), com seis postos de carregamento e que permitem o abastecimento de 12 veículos em simultâneo. Este é o maior investimento em carregamento rápido de veículos elétricos em Lisboa.
Apostou-se em soluções de gestão de tráfego e semafórica, cuja contribuição para a segurança de transeuntes e fluidez de trânsito foi notória. A EMEL deu continuidade à modernização da rede semafórica, iniciada em dezembro de 2019, com a instalação de sensores e a substituição de controladores de tráfego instalados nos cruzamentos. Implementou o Sistema Inteligente da Mobilidade de Lisboa (SIM.Lx). Hoje, com a modernização de 75% dos 547 cruzamentos semaforizados já concluída, é notória a melhoria da circulação automóvel, fruto de uma gestão do tráfego integrada e dinâmica. Prevê-se a conclusão dos restantes 25% no segundo semestre de 2022.
Desenvolveram-se soluções digitais capazes de facilitar a vida das pessoas, dando corpo ao seu compromisso de serviço público e de maior atenção às necessidades e expectativas de quem usa os seus serviços. O ano de 2021 foi de melhoria dos serviços online da Empresa, da criação de uma nova modalidade de alerta para a renovação de dísticos de residente, da criação de uma Área Reservada a clientes no site da empresa e do reforço da Loja Digital. Também as contraordenações passaram a poder ser pagas através da app Epark.
Não menos importante, foi a aposta na mobilidade suave/ativa, que se tem afirmado no ADN da Empresa, com o investimento na GIRA e na construção de uma rede ciclável que se encontra em expansão e que veio beneficiar a fruição do espaço público urbano por parte de quem o usa. Em 2021 foram construídos 25 novos quilómetros de ciclovias e, para a expansão da rede GIRA, foram adquiridas novas bicicletas elétricas. Procedeu-se à abertura de novas estações nos Olivais, Cidade Universitária e Lumiar. Atualmente GIRAm na cidade mais de 900 bicicletas, de uma frota total que se pretende de 1.600.
Refira-se, ainda, a abertura da Rede BiciParks, lançada em abril de 2021, que atualmente está em 13 dos parques de estacionamento da Empresa, e que disponibiliza 238 lugares seguros e de fácil acesso para estacionamento de bicicletas. A aposta nos BiciParks surgiu na sequência de um estudo (projeto VoxPop) aos hábitos de quem usa bicicletas em Lisboa, que permitiu identificar as principais falhas sentidas por ciclistas urbanos, nomeadamente o receio do furto e incerteza quanto à indisponibilidade de estacionamento. O investimento nos BiciParks foi financiado pelo projeto Sharing Cities.
A transição para as Cidades do Futuro começa pela consciencialização da necessidade de alteração dos comportamentos, sem o que não vamos conseguir viver numa cidade capaz de nos proporcionar bem-estar e qualidade de vida. Os mais novos são essenciais para essa mudança de mentalidades. Foi por isso que 2021 foi mais um ano de aposta na sensibilização e na pedagogia da mobilidade, através do Programa Pela Cidade Fora, especialmente destinado a crianças do pré-escolar e aos jovens do ensino secundário, através do qual se faz a pedagogia da mobilidade sustentável e civilizada, em particular para as vantagens da utilização dos modos ativos e suaves. São muitas as escolas que fizeram projetos pedagógicos na área da mobilidade, e muitas centenas de turmas escolares e de jovens que têm vindo beneficiar deste programa pedagógico.
Por último, salienta-se o trabalho desenvolvido pela Academia EMEL na formação profissional (para a empresa e para fora dela), através de ações de formação para todas as áreas da Empresa (num total de 16.655 horas), bem como da promoção da qualificação de colaboradores e colaboradoras com menos do que 12º ano e do Programa de Liderança para dirigentes.
É indiscutível que Lisboa é uma cidade que todos os dias se transforma e onde todos os dias há a preocupação de a fazer uma cidade melhor. Nessa transformação a EMEL tem tido um papel fundamental e, para isso, a cada dia a própria Empresa se transforma e se esforça para prestar um melhor serviço público.
Foi para e por isso que trabalhámos ao longo de todo o ano 2021, honrando os compromissos assumidos com Lisboa, guiados pelos valores que nos orientam: Sustentabilidade, para deixarmos uma cidade melhor às próximas gerações; Coesão Social, para tomarmos decisões informadas com base nas opiniões e sugestões dos nossos stakeholders; Confiança e Competência das nossas pessoas e na forma como trabalhamos; Inovação, para criarmos valor em tudo o que fazemos, desenhando soluções inovadoras de que amanhã vamos precisar; e Educação para a mobilidade, cidadania e boas práticas.
Luís Natal Marques
Presidente do Conselho de Administração da EMEL
Link: EMEL faz o balanço do seu contributo em 2021 para uma cidade segura e ambientalmente sustentável